03/09/24 | Vivaine Henriques - Croeste  | 
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Reeducandos participam de projeto que exibe filmes na Penitenciária de Riolândia
Juiz de Direto foi autor do projeto que é executado na unidade prisional em parceria com a SAP
Uma parceria entre a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) e o Poder Judiciário (Comarca de Paulo de Faria) resultou em um projeto na Penitenciária de Riolândia que motiva reeducandos para a ressocialização por meio da exibição de obras cinematográficas. A Unidade Prisional pertence à Coordenadoria de Unidades Prisionais da Região Oeste (Croeste). O projeto “A arte ensina a vida”, desenvolvido na unidade desde outubro do ano passado, foi criado pelo juiz Luan Casagrande, e envolve a exibição mensal de dois filmes para os reeducandos.
De acordo com o Diretor da Penitenciária, Clayton Guimarães Nogueira, os detentos, além de terem acesso à cultura, são sensibilizados ao processo de ressocialização por meio das mensagens de resiliência.
Os privados de liberdade que participam do projeto também são beneficiados com remição de pena. Eles devem produzir uma resenha sobre os filmes que assistiram, que é analisada pela comissão de validação formada por professores da escola vinculadora e servidores da unidade, sendo posteriormente encaminhadas para apreciação do Poder Judiciário. As escolas vinculadoras são unidades de ensino que oferecem projetos educacionais para custodiados da SAP.
O projeto
Para o juiz Luan Casagrande, quando se discute sistema prisional, logo se pensa em locais onde se cumprem sanções penais ou onde encontram-se pessoas presas de forma preventiva, quando ainda inexiste sentença condenatória com trânsito em julgado. “Todavia, muito além disso, há a necessidade de que os estabelecimentos prisionais sejam locais de transformação social. A função punitiva, por si só, é insuficiente, já que se mostra incapaz de gerar transformação social na vida das pessoas que acabam sendo segregadas”, considerou.
Ele destacou a necessidade de implantação de projetos sociais destinados à reeducação e profissionalização das pessoas que acabam no cárcere. Ainda de acordo com o juiz, o projeto “A Arte Ensina a Vida” é dotado dessa mentalidade, no sentido de se buscar alternativas de levar conhecimento aos reeducandos. “Proporciona acesso à cultura mediante a exibição de filmes educativos e, com isso, permite evoluir, para que, ao sair do sistema prisional, possam virar a página, ciente de que essa fase de sua vida está superada”, enfatiza.
Casagrande destacou que, atualmente, existe a possibilidade de remição de pena mediante a leitura ou mediante o comparecimento em atividades escolares, ações de extrema importância para se possibilitar o acesso à educação. “Mas, existem outras formas de difundir valores, que podem ser transmitidos por vias mais lúdicas, e que são igualmente capazes de proporcionar aprendizagem significativa e prazerosa, até mesmo, amenizando o impacto que o isolamento é capaz de gerar. A ação cultural é fundamental e deve ter seu acesso franqueado a todos”, considerou.
Despertar
A participação nas atividades tem alcançado repercussão positiva entre os sentenciados. “Assim como o amor salva, a oportunidade transforma e a arte ensina. A dramaturgia nos desperta sentimentos, mas devido à falta de compreensão, não conseguimos expressá-los em atitudes”, avaliou o reeducando “Paulo” (nome fictício), que participa do projeto. Para ele, os temas apresentados, que utilizam cenários de obras de dramaturgia, mostram como devem se portar em situações de adversidades.
O reeducando “José”, considera que, por abordarem situações impactantes, como o preconceito, superação, inclusão social, os filmes exibidos provocam momentos de grande reflexão. “A solução para os problemas da vida está na perseverança, resiliência, empatia e respeito ao próximo. As obras apresentadas desencadeiam autoconfiança e a certeza de que se é capaz, basta acreditar em suas potencialidades”, disse.
A execução do projeto é coordenada pelos servidores do Centro de Trabalho e Educação da unidade, com o apoio de um monitor da Fundação “Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel” (FUNAP), que auxilia na exibição das obras.